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Americana Paychex chega ao Brasil de olho nas pequenas empresas

A Semco Partners, empresa de investimento em participações, está formando uma sociedade com a Paychex Inc., uma grande processadora de folhas de pagamento nos Estados Unidos, para explorar o crescente segmento de pequenas empresas no Brasil.

A sociedade, que vai se chamar Paychex Semco e deve começar a operar em janeiro, pretende oferecer serviços de terceirização da folha de pagamentos e gestão de recursos humanos para empresas brasileiras com até 99 empregados, um mercado de cerca de 5 milhões de firmas.

A Paychex espera conquistar pelo menos 5% deste segmento, ou 250.000 clientes, dizem seus executivos.

"A uma receita anual em torno de US$ 1.500 por cliente, o Brasil poderia representar um negócio de US$ 375 milhões", diz o presidente da Paychex, Martin Mucci.

A Paychex e a Semco, que é sediada em São Paulo, terão cada uma 50% da nova empresa, com a Paychex tendo a opção de comprar a participação da Semco no futuro. As duas empresas não revelaram valores financeiros do acordo ou seus planos de investimento.

Apesar da desaceleração da economia brasileira — as projeções mais recentes apontam para um crescimento de pouco mais de 2% neste ano, comparado com 7,5% em 2010 —, Mucci ainda vê o Brasil como uma boa oportunidade. "O que continua crescendo no Brasil, segundo nossas pesquisas, são as pequenas empresas", diz ele.

O número de empregados assalariados em empresas privadas e outras organizações com menos de 100 funcionários no Brasil saltou 58%, para 16,8 milhões, entre 2003 e 2011, o último ano para o qual há dados disponíveis, segundo o IBGE. Os dados do instituto também mostram que o Brasil tinha 5,1 milhões de empresas e outras organizações com menos de 100 funcionários no fim de 2011. Quase 30% delas estavam localizadas em São Paulo, onde a Paychex Semco planeja se concentrar nos primeiros dois ou três anos, afirmou a Semco.

Martin Mucci, presidente da Paychex. A companhia americana pretende oferecer processamento de folha de pagamento e outros serviços de recursos humanos a pequenas e médias empresas do Brasil.

A Paychex divulgou uma receita total de US$ 2,3 bilhões no ano fiscal encerrado em 31 de maio, um aumento de 5% em relação ao ano anterior. A companhia atende 34% do total de 1,7 milhão de pequenas empresas que terceirizam sua folha de pagamento nos EUA, diz Mucci.

A sociedade com a Semco é a segunda incursão da Paychex no exterior, depois da Alemanha, mercado onde a empresa passou a atuar em 2004, após uma aquisição. No Brasil, porém, ela preferiu ter um parceiro local que a ajudasse a se adaptar à complexa regulamentação e ao ambiente de negócios do país, diz Mucci. A Paychex não tem planos imediatos de entrar em outros mercados da América Latina e calcula que seu faturamento fora dos EUA não deve ultrapassar 5% da receita total nos próximos cinco anos.

A Semco Partners foi formada em 2012 com o objetivo de trazer empresas estrangeiras para o setor de serviços do Brasil. Entre seus seis sócios estão Ricardo Semler, presidente do conselho do Grupo Semco, Philippe Reichstul, ex-presidente da Petrobras, e Alexandre Bonfim de Azevedo, que acumula o cargo de diretor-presidente.

Azevedo diz que a Semco Partners estuda um segmento específico durante anos e depois sai em busca de parceiros no exterior. Seu modelo de negócios consiste em fazer sociedades meio a meio e compartilhar a administração, dando à empresa estrangeira a opção de comprar a fatia da Semco e assumir o controle total do negócio após um período de 5 a 15 anos.

A Paychex será a nona empresa que a Semco introduz no mercado brasileiro através deste modelo. Entre as sociedades atuais estão a Pitney Bowes, fornecedora de equipamentos e serviços para gerenciamento de documentos e correspondência de empresas, e a H&R Block, que presta serviços de contabilidade como a declaração de impostos. Ambas são americanas.

Azevedo diz também que a Semco está negociando três outros acordos com empresas dos EUA, um deles no setor de logística, a ser anunciado ainda este ano. Os outros dois potenciais sócios são uma empresa de assessoria financeira e outra de aluguel de helicópteros para serviços de emergência. Ele não quis dar mais detalhes.


Alexandre Bonfim de Azevedo, sócio e diretor-presidente da Semco Partners, diz que acreditar que mais empresas pequenas vão querer terceirizar sua folha de pagamento.

Embora o setor de terceirização de folha de pagamento ainda tenha muito espaço para crescer no Brasil, a Paychex Semco enfrentará a concorrência de outras grandes empresas. A Automatic Data Processing Inc. — uma gigante da terceirização de recursos humanos que tem uma receita anual de US$ 11,3 bilhões e mais de 620.000 clientes no mundo todo — está presente no país desde 1966. Por décadas, ela se concentrou nas grandes e médias empresas, mas nos últimos anos começou a investir no segmento de pequenos negócios. A ADP Brasil não quis comentar sobre a parceria entre a Semco e a Paychex, informou sua assessoria de imprensa.

Outra questão com que a Paychex Semco terá de lidar é a prática há muito arraigada das pequenas empresas brasileiras de deixar a folha de pagamento por conta de seus contadores externos. As mudanças que o governo está promovendo no Sped (Sistema Público de Escrituração Digital), que vão aumentar as obrigações das empresas quanto à transmissão de informações contábeis e fiscais, inclusive folha de pagamento, poderiam ajudar as firmas de terceirização, já que os pequenos empresários podem decidir transferir para elas parte dos seus processos administrativos, diz Azevedo. "É a oportunidade que a gente vislumbrou de entrar nesse mercado."

Ubirajara Camargo, um dos sócios da empresa de serviços de recursos humanos Populis Serviços, diz não estar preocupado com a chegada de novos concorrentes focados nas pequenas empresas. Ele acredita que há espaço para todo mundo e que o maior potencial para a terceirização ainda está nas companhias grandes e médias que buscam reduzir custos e riscos, o segmento em que a Populis atua. A empresa tem receita de US$ 10 milhões por ano e cerca de 70 clientes no Brasil — inclusive a Empresa Brasileira de Correios e a Honda Motor Co. com um total em torno de 550.000 funcionários. "É um mercado ainda verde aqui no Brasil", diz Camargo. Fonte The Wall Street Journal.

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