Imprimir

Bancos hoje querem líderes sem graça

Das cinzas da crise financeira, começa a surgir uma nova geração de líderes do setor: eles têm experiência, são mais discretos e… incrivelmente maçantes.

Os grandes bancos, que tiveram a reputação manchada por anos de escândalos, muitas vezes sob o comando de executivos agressivos, estão preferindo hoje líderes cujas qualificações incluem uma boa dose de tédio. A meta é evitar mais polêmica.

O Royal Bank of Scotland Group PLC se tornou este mês a mais recente instituição financeira a adotar essa estratégia. O banco, no qual o governo britânico mantém uma participação de 81%, substituiu seu diretor-presidente Stephen Hester por Ross McEwan, um executivo neozelandês da divisão de banco de varejo pouco conhecido.

Ao escolher alguém da casa com personalidade discreta, o RBS segue passos já dados pelo Barclays PLC, Citigroup Inc. e Deutsche Bank AG. Esses bancos abandonaram o modelo de líderes executivos vistos como desconectados com a realidade e exageradamente dispostos a se chocar com reguladores, políticos e membros do conselho.

"Humildade e um bom nível de autoconhecimento são agora qualidades desejáveis", diz Jamie Maxwell-Grant, consultor da recrutadora Korn/Ferry International que supervisiona uma bateria de testes psicométricos que a empresa aplica a candidatos à liderança executiva dos maiores bancos globais. "Cinco anos atrás, esses não eram necessariamente atributos atraentes."

Os banqueiros de investimento de personalidade difícil, como Hester, Bob Diamond, do Barclays, e Vikram Pandit, do Citigroup, são coisa do passado. No lugar deles, estão entrando executivos do setor de banco de varejo cujos principais objetivos incluem polir a imagem de seus bancos e forjar relações conciliatórias com reguladores.

Hester, um ex-executivo de banco de investimento do Credit Suisse, era conhecido por sua propriedade de 142 hectares em Oxfordshire e pela notória preferência por trajes tradicionais britânicos de caça. Talvez não seja de surpreender que Hester tenha se envolvido com frequência em polêmicas ligadas a seus pacotes de remuneração. No início do ano, o executivo anunciou que estava deixando o banco em meio à pressão de políticos britânicos, frustrados com a lentidão do RBS em enxugar seus custos.

Quando McEwan foi nomeado diretor-presidente no início deste mês, uma de suas primeiras medidas foi abrir mão de bônus até 2015 e prometer liberar mais crédito às empresas britânicas.

A reação imediata de vários analistas à nomeação de McEwan foi notar uma forte semelhança com o novo líder do Barclays, Antony Jenkins, um executivo experiente de banco de varejo, que sucedeu Diamond no ano passado.

Jenkins, um britânico de fala mansa, tem enfrentado uma crítica diferente: ele é seco demais. Em uma audiência recente, um parlamentar o repreendeu por usar muitos jargões de consultoria administrativa. Jenkins surpreendeu alguns funcionários ao instalar grandes painéis de vidro no hall de entrada da sede do Barclays com palavras de ordem como "integridade", "liderança" e "respeito". Uma porta-voz do Barclays não quis comentar.

A busca por líderes de personalidade mais mansa tem sido intensa. A Korn/Ferry foi contratada por uma firma de Wall Street para submeter um candidato para um cargo de liderança a uma sessão de dois dias na qual ele teve de desempenhar o papel de diretor-presidente. O candidato teve de fazer uma apresentação on-line e ser entrevistado por atores se passando por jornalistas de TV, entre outros testes. "É um ano desafiador, condensado em um dia", diz Maxwell-Grant.

Alguns executivos de bancos gostam da ideia de se associar à nova preferência por personalidades tediosas.

O diretor-presidente do Lloyds Banking Group PLC, António Horta-Osório, que dirige o banco britânico desde 2011, diz regularmente a investidores e à imprensa que "ser chato é bom". Suas reuniões administrativas de três horas já se tornaram uma tradição.

Na Alemanha, a linha mais sisuda é mantida por Jürgen Fitschen, um dos diretores-presidentes do Deutsche Bank. Fitschen é conhecido por fazer observações rápidas e improvisadas sobre qualquer tema, em alemão ou inglês, sem controvérsia. Ele serve de contrapeso para o outro líder executivo do Deutsche, Anshu Jain, um agressivo veterano de banco de investimento, famoso por seu interesse em tigres.

No Citigroup, Pandit foi afastado no ano passado, depois que o conselho do banco se irritou com o relacionamento problemático do diretor-presidente com reguladores, entre outros problemas.

Seu sucessor, Michael Corbat, é metódico e detalhista. Seus colegas o apreciam, mas admitem que ele é um pouco maçante. Como diz um assessor dele, "ser chato está na moda". Fonte The Wall Street Journal.

Contato

  • ncm@ncm.com.br
  • Claudia Hacklaender:
  • (19) 9 9210-0899
  • Narciso Machado:
  • (19) 9 9111-3492

Nossos serviços possibilitam o desenvolvimento de estratégias em áreas que necessitam de resultados.

Com sólida experiência nossos consultores oferecem serviços em todas as áreas da empresa, capacitando e qualificando pessoas, adequando visão estratégica à realidade do mercado, organizando ações internas e externas para redução de custos, ampliando operações e negócios, preparando equipes para competir com melhores resultados.

Empresário: Revitalizar a empresa com novas estratégias é inovar, tornar a empresa e sua equipe de colaboradores mais ágeis e competitivos. Este é o momento de fazer acontecer.