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RH precisa experimentar novas formas de comunicação

Com tantas variáveis, concordam os gestores de algumas das maiores empresas nacionais, processos lineares perderam espaço para a incorporação da inovação, em que o erro é sempre uma possibilidade no caminho também em RH. Criar líderes e gerar novos talentos fazem parte das preocupações dos bons gestores de pessoal da mesma forma que elaborar com eficiência a folha de pagamentos e resolver disputas salariais entre empregados.

"As mudanças radicais em comunicação fazem com que as trocas de informações cheguem antes aos integrantes do pé da pirâmide nas estruturas organizacionais do que ao presidente, e obrigam os gestores de RH a aprender novas formas de se comunicar com a equipe. Os avanços tecnológicos, por sua vez, também fazem com que não se tenha mais contato de frente com todos os servidores, porque muitos trabalham em escritórios distantes da sede ou até em casa. Isso muda muito a forma de controle e gestão", diz Denise Asnis, gerente de RH da Natura, que veio de uma experiência no sistema financeiro.

"Há uma agenda cada vez mais desafiadora para alinhar os objetivos de negócios do grupo. Meu dia a dia é conectar os pontos e ajudar os gestores a mapear os ambientes num grupo com áreas diversificadas: varejo, composto pelas empresas Pão de Açúcar e Extra, eletroeletrônico, com Casas Bahia e Ponto Frio, e-commerce e mall & properties, braço imobiliário da companhia responsável pela gestão de seus ativos imobiliários e projetos de expansão. Quanto mais sinergia entre todos os negócios, mais chances de sucesso", afirma Antonio Salvador, gerente de gestão de gente do Grupo Pão de Açúcar, maior grupo de distribuição da América do Sul, há apenas três meses no cargo depois de passar pela HP do Brasil.

Num cenário de demandas de todos os lados, o gestor de recursos humanos virou um grande solucionador de problemas das empresas, que têm muito capital, muita tecnologia, mas grandes dificuldades em lidar com pessoas. "Todos querem que o gestor de recursos humanos resolva todos os problemas. A maior demanda da área de RH é a dificuldade de ser ouvida conceitualmente. Exige-se muito o operacional. O ideal é ter um estrategista na área de RH", diz Carlos Vitor Strougo, da Associação Brasileira de Recursos Humanos e da consultoria Kadan Head Hunters.

Entregar soluções, evitar o "rhvês", como os gestores chamam a língua própria dos departamentos de recursos humanos, e estar atento à pressão de talentos, executivos e acionistas são prioridades em quase todas as grandes empresas modernas. Mas é preciso não esquecer também de tarefas básicas essenciais, como processar a folha de salários e administrar divergências trabalhistas.

No Grupo Pão de Açúcar, maior empregador privado do Brasil, com cerca de 160 mil colaboradores, 1.500 deles apenas no departamento de pessoal, a política de recursos também busca ser gerenciada como negócio. Um dos desafios é construir um banco de líderes e formar novas gerações num ambiente de escassez de talentos por causa da competitividade do mercado profissional.

Na Natura, empresa com cerca de 7 mil funcionários em todo o país, 600 só no Departamento de Pessoal, o modelo de gestão é mais participativo na crença de que a qualidade das relações faz parte da gestão. Na empresa o desafio é como dar vazão à inovação, uma das marcas da empresa, e manter o acompanhamento de mentoring, em que pessoas com mais tempo de empresa e hierarquicamente acima do servidor o ajudam no desenvolvimento da carreira, e coaching, em que um servidor se compromete a apoiar outro a atingir os resultados e metas estabelecidos.

"O modelo da Natura é participativo, mas com responsabilidade, para que o processo não fique solto ou paralisado", diz Denise Asnis, da Natura. (PV). Fonte Jornal Valor.