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Organogramas agora estão mais enxutos

Engenheira elétrica de formação, especializada em recursos humanos com uma carreira de 20 anos e passagem por grandes empresas, Adriana constata que os organogramas estão cada vez mais enxutos. "Quando entrei no mercado de trabalho, as empresas tinham uns 20 níveis hierárquicos. Hoje têm uns cinco", diz essa especialista de 44 anos que começou sua carreira como trainee na Unilever. Ela frisa que sua análise é de forma genérica - a gestão de pessoal das empresas varia de acordo com muitos fatores, entre eles o tamanho e o setor de atividade.

A mudança nos organogramas tem diversos motivos, mas principalmente a necessidade de redução de custos, maior fluidez na comunicação e os valores das empresas, que atualmente têm muito mais destaque na condução das relações entre patrões e empregados que antes.

Políticas de portas abertas, menos formalidades, menos "camadas" hierárquicas são características predominantes nos organogramas, confirma Ruy Shiozawa, diretor de relações empresariais da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH). "Há mais proximidade dos presidentes com a base", diz Shiozawa, lembrando que nas grandes corporações, os altos executivos não "esquentam" a cadeira, mas viajam o tempo todo visitando operações remotas, indo de loja em loja, em todas as regiões.

No entanto, entre as organizações existem aquelas mais e menos hierarquizadas, explica Adriana Chaves. Setores mais tradicionais como o automobilístico e o metalúrgico, além de empresas familiares ou de um único dono se estruturam sobre organogramas mais verticais. Já no setor de bens de consumo, por exemplo, é que se encontra mais flexibilidade e menos hierarquia.

Mas se por um lado o número de cargos diminuiu, as decisões passaram a ser compartilhadas entre vários supervisores. "Antigamente havia um único chefe e ponto", analisa a diretora do Grupo DMRH. "Hoje a hierarquia é mais matricial, ou seja, em vez de ter um chefe, você tem vários". Esse perfil se encontra predominantemente em empresas grandes, com filiais em várias regiões e até em outros países. "Há um diretor de área no Brasil, um diretor geral e um vice-presidente para a América Latina, por exemplo."

A nova estrutura passou a exigir mudanças também na forma como os colaboradores se reportam aos seus superiores. De submissão e respeito à posição, a relação passa a requerer muito mais capacidade de negociação e influência, explica Adriana.

Marcelo Cuellar, sócio da Michael Page, concorda que hoje os organogramas estão "mais achatados" e as empresas procuram "fazer cada vez mais, com cada vez menos gente". Segundo ele, tudo depende do tipo de empresa. Organizações familiares ou profissionalizadas, consórcios, empresas de capital aberto ou fechado, companhias globais ou locais - cada um desses grupos opera com modelos diferentes de organogramas. No entanto, muitos estão em fase de transição, já que muitos modelos de negócios estão mudando sob a influência das comunicações e redes sociais. "O mundo ficou pequeno, é difícil mapear a melhor estrutura." Fonte Jornal Valor.